terça-feira, 30 de abril de 2019
picnic
Estava sol e ela tricotava com os dedos. Foi dos primeiros dias quentes do ano. Práí Abril ou Maio.
As crianças que já não são crianças, tambem estavam: o mais velho, dormia e a mais nova, na pré-adolescência, exagerava num recem-adquirido pânico das formigas. Os cães que ainda era só a cadela, delirava com os cheiros da mata e com todo aquele espaço para correr e saltar.
Foi num sábado. Saí do trabalho à uma, passei por casa e apanhei todos. Tínhamos combinado ir almoçar no mato.
Levamos farnel e comemos sentados na manta. Depois tirei fotografias, apanhei pinhas e brinquei com a cadela.
Tinha acordado cedo e deixei-me adormecer. Ao sol. Ignorando as moscas, os protestos por causa das formigas e os apelos da cadela para passear.
Acordaram-me para ir para casa nem meia hora depois de me ter deitado. Mesmo no melhor do sono.
Porque está muito calor, diziam.
Levantei-me e disse profético:
-- Pois ainda vão sentir muito, a falta deste calorzinho!
Passaram meia dúzia de meses.
Agora chegou Dezembro a dar-me razão.
Eu bem avisei.
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