terça-feira, 30 de abril de 2019

A tampa do Mike

O dia em que o Mike Jagger levou uma tampa da Marianne Faithfull. A foto regista esse momento histórico. Foi num daqueles eventos sociais do Sul de França na segunda metade da decada de 60 do seculo passado. O Mike Jagger na altura, era (e ainda é um bocado) um sex simbol masculino. A Marianne Faithfull era ainda uma desconhecida e apareceu como uma das várias apaixonadas com quem o Mike Jagger constumava sair. Ele, Mike, o convidado, levou-a a ela, Marianne, como acompanhante. Mas acontece que os corações das donzelas são mais imprevisiveis que o vento sudoeste que às vezes traz chuva outras vezes traz charrocos. O Mike que chegou vitorioso com uma loura lindissima exibida debaixo do braço como conquista, minutos depois, era apenas um timido miudo ingles, com a pele demasiado branca que não sabia como comportar-se perante a corte da cote de azur. A loura fugiu-lhe da mão porque tinha vontade própria e com ela levou a sua coroa de estrela. A fotografia está ai a provar o que digo. Até causa um certo dó. A loura inglesa, ao centro, rendida ao charme latino do actor frances, à esquerda. Abençoados pela taça dos girasois, que parece saída do quadro do Van Gogh. No chão, entre as pernas, penas caidas do vestido da diva em botão, a prometerem nudez. À direita o menino triste fuma e baixa os olhos derrotado. Claro que o charme do Alan Delon terá tambem contribuido para o virar da tortilha vermelha que é o coração de cada mulher. De qualquer maneira, a foto ilustra bem, que mesmo aqueles que se acham a ultima bolacha do pacote e simultaneamente o rei da cocada preta, mesmo esses, estão sujeitos à inevitabilidade da perda. Por isso, amigos e conhecidos, quando se acharem invenciveis, aí sim, devem começar a ter cuidado, porque é nesse momento que começa a virar a tombola dos dias e as pedras começam a rolar. Porque as pedras tambem rolam. Assim como os olhos castos das esposas entediadas. E como as cabeças dos reis.

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