terça-feira, 30 de abril de 2019
Animais nos restaurantes
Há muito que os animais são presença assidua nos restaurantes. Não se justifica tanta polemica.
Da sala de jantar à cozinha, da parte de trás do balcão à parte de dentro dos pratos, atrás das maquinas, nas gavetas dos talheres, no interior dos fornos, dentro dos frigorificos, no cotão do umbigo do proprietario ou atrás das orelhas da empregada, sentados em cadeiras ou deitados no chão...por todo o lado, dentro do restaurante estão os animais.
Há animais na ementa, nos pratos e travessas, sob a forma de bitoque ou assados no forno. Nas bifanas e nos ensopados há animais. Há animais na cozinha na forma latente de cadáver, desmanchados e já arrumadinhos dentro dos frigorificos e das arcas. Há animais escondidos, vivos de olhos espertos, pequeninos e com pelo cinzento e que correm depressa para se abrigarem atrás dos fogões. Há animais presistentes que evitam os venenos deixados estrategimante. Há animais que vivem no panico da chegada periódica e obrigatória do gajo do controlo de pragas. Há animais a abrigarem-se no calor das traseiras das maquinas de café, a por os ovinhos minusculos pretos e a comer tudo o que vai caíndo. Há o animal que se levanta antes do sol nascer para fazer as compras e trazer a comida que vai alimentar os outros animais. Há animais que contratam as pessoas que chegaram sem papeis, há animais que pagam com comida e a promessa de um contrato, há animais que deixam familias recem chegados ao trabalho-escravo, a dormir no chão dos restaurantes, em cima de umas mantas, como animais. Há homens e mulheres, tratados como animais, alojados nos armazens entre grades de refrietente e a alimentarem-se das sobras dos jantares. Há animais mortos a apodrecer entre o pó que se acumula em cima dos tetos falsos. Ha animais que vivem nas caxias de esgoto que esperam os despejos de comidas azedas para se alimentarem. Há animais a contar as notas depois fazer a caixa. Há visceras de animais dentro de uma panela ao lume. Há animais que chegam sedentos pela manha para beber bagaços entre os dedos tremulos antes de irem trabalhar como animais. Há animais voadores a fritar num quadro com lampadas florescentes azuis que se pendura por cima da porta. Há animais sebosos a passar a mão sapuda no rabo da adolescente que veio trabalhar umas horas a servir as mesas. Há animais a boiar dentro da caixa de metal por baixo da grelha da maquina de tirar imperiais. Há animais minusculos a fazer carreiro entre um buraco na parede e as cascas de ovos e outros restos de comida dentro dos baldes homologados para residuos alimentares. Há animais encostados ao balcao a beber café e tomar copos de agua, animais que olham gulosos para os bolos debaixo do vidro gasto do balcão. Há animais que passam na rua olhando de relance a ementa escrita a marcador numa toalha de papel com preços demasiados longincuos para depois do dia dez. São estes os animais que querem entrar e não podem. Há animais a viverem nos cabelos (publicos e privados) da senhora que se sentou na mesa a fazer olhinhos ao empregado ele próprio um belo exemplar animal. Há animais que chegam engravatados a exibir cartões oficias e a fazer vistorias. Há animais a comer sentados à espera que outro animal lhe pague o almoço. Há animais a fugir de fininho. Há o fucinho de animail raivoso do iva a devorar tudo. Há animais a pedir a conta e pasme-se, há animais, a pagar por tudo!!!
São estas as razões porque te digo, meu afectusoso animal de estimação, que não te espantes com os animais nos restaurantes, porque não são novidade. Aliás, fica já aqui sabendo que quase não há novidades. A polemica dos animais no restaurantes serve apenas para entreter os borregos. São estorias que te contam para te manter assim mansinho e para que continues a viver alheado do sarrabulho que vão cozinhando com o sangue que pinga das tuas oito horas de doações diárias!
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