terça-feira, 30 de abril de 2019

Mulheres

Nada é por acaso. Como não é por acaso que “justiça”, “resistencia” e “luta” são todas palavras nascidas meninas com nomes de mulheres. Porque as mulheres são, como nunca deixaram, nem deixarão de o ser, o corpo da palavra LIBERDADE, que é, a palavra mais linda que os labios tocam. Os homens são apenas os meninos que as mulheres têm de carregar. As mulheres carregam os homens na barriga por nove meses e, depois de paridos (alguns mal paridos inclusive), carregam-nos pela vida toda. As mulheres têm de nos ensinar tudo. As mulheres têm de nos ensinar como se aquece a sopa, onde estão os lençóis, onde mora o clitóris, como funciona a máquina de lavar roupa, como é ficar em silencio de mãos dadas, como se dobra uma camisa, como se beija na boca sem pressa, como se preenche o impresso, como se abraçam os que sofrem, como se acalma uma dor… Até a comer são as mulheres que ensinam os homens, metendo o bico da mama na boca do bebé chorão, coitados dos homens! Serão sempre as mulheres a carregar nas suas malas ao ombro a carga do valores que sustentam o melhor da humanidade. Ser mulher, é além de ser professora universal de todas as disciplinas, ser também a carregadora de todas as coisas misteriosas, uteis e inuteis. Entre escovas de cabelo, analgésicos fora do prazo, pensos rapidos e dos que se fazem esperar, as fotografias dos filhos e dos sobrinhos e de outras crianças da vizinhança, amostras de perfume, uma parte partida de um batom, lenços de papel, um porta-moedas quase sempre vazio, as chaves de uma casa onde não vai há mil anos, a carteira com os documentos, os folhetos de promoções do hipermercado, a conta da luz que tem de ser paga e todos os sonhos desfeitos de quem nasceu princesa num castelo onde mandam os reis e os moços de estrebaria. Entre tudo isso, trazem tambem nas malas ao ombro misturados entre os lenços de linho, remotos e herdados, bordados à mão com ternura, toda a força e resistencia necessaria para viver os dias, as semanas, os meses e os anos. Porque ser mulher é ser a guardiã do segredo que empurra para a frente a humanidade. Essa mesma humanidade bastarda, feita de mais mulheres que homens, mas que eles gostam de chamar por O Homem. Isso de ser mulher é ter nacisdo com a capacidade de ser mãe do mundo. Ser mãe de um mundo que os homens acham que lhes pertence. Um mundo onde as mulheres ganham menos trabalhando mais horas. Um mundo tão injusto, em que os homens são valorizados pelo número de mulheres com quem fodem (incluindo as que comem mal comidas) e as mulheres são desvalorizadas pela mesmissima razão. Precisamente nesse mundo de guerras justas e injustas, onde vivemos enquanto humanidade. Uma humanidade desesperada por colinho. Porque os homens tambem não sabem pedir colo... Por isso inventam, fabricam, vendem, cobram, emprestam e roubam coisas que lhe compensem a falta do aconchego de uma mae quente e segura. Cada mulher traz dentro de si toda a humanidade, por isso o óvulo é mil vezes maior que o espermatozóide. Porque cada mulher traz em si todos os sentimentos e cores do mundo. Por isso, o mundo das mulheres muda com um telefonema, uma música que se ouve por acaso na rua ou com a memória de um perfume. O mundo das mulheres muda em função de um sonho bom que se teve na noite pouco dormida e que se quer construir como futuro. É por isso que as mulheres se juntam para lutar com a mesma certeza com que cozinham para a família. É por isso as mulheres saem de casa antes do sol nascer para colocar comida na mesa com a mesma determinação que saem para ir buscar o futuro. Ser mulher é ser mãe do futuro. Os homens esperam o futuro que as mulheres trazem no bucho e na alma. Porque todas mulheres estão geneticamente preparadas para a partilha e pensam naturalmente em coletivo. Uma mulher sabe por instinto fazer os milagres de crescimento económico tal como sabe divir a galinha assada em tantos pedaços como as bocas sentadas à mesa. Alguns homens dizem que o lugar da mulher é ao lado do homem. Mentira. Toda as mulheres sabem que os homens se dispersam. O homem precisa de ser conduzido. E como todos os homens são apenas meninos grandes, só vão em frente se forem levados pela mão, mas convencidos que são eles quem decide por onde se vai.

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