terça-feira, 30 de abril de 2019
O milagre da luz
Apascentava eu cervejas e memórias quando apareceu uma senhora banhada de luz.
Luz forte e amarela que vinha do candeeiro pendurado na viela.
A senhora disse:
--- queres vir?
Por medo, vergonha, pudor e falta de dinheiro, sorri-lhe e balbuciei, qualquer coisa como: hoje não. Fica pra proxima.
Cravou-me um cigarro, pegou-me na mão e retribuiu o sorriso com simpatia.
-- prometes amor?
Respondi gingão que não faço promessas nem me ajoelho para rezar...
A gargalhada que soltou foi um grito de alegria na noite fria e triste de um Maio chuvoso.
-- a esta hora se aparecer alguem que me oriente para pagar a renda vinha caído dos céus... já estamos a dia 13...
Sem saber o que dizer, voltei a sorrir-lhe.
Foi então que aconteceu.
Aproximou-se um casal de ben-aventurados. Dois pombinhos. Novos, com dinheiro e curiosidade. Ele nuns imberbes dezoito anos e ela dois anos mais afoita.
-- E voces, meus lindos, alinham aqui com a Maria?
Afastei-me para dar espaço ao milagre.
Subiram juntos para o céu do terceiro andar, que diz quem conhece é o paraiso na terra.
Eu continuei o meu caminho satisfeito com o fenómeno da fé e lá segui a semear beatas pelas pedras da rua.
Ao nascer do dia o sol dançou para mim.
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