terça-feira, 30 de abril de 2019
Natureza em Execsso
Estava muito frio.
Subimos na direcção dos Lagos da Covadonga, naquela estrada estreitinha e inclinada que causa vertigens a quem é de sentir vertigens.
Largamos o carro e continuamos a pé pela montanha.
Um bocado, devagar, sem exageros.
Depois vimos o Lago.
Entre nós e o lago, um enorme prado verde.
O céu estava enevoado naquele cinzento metálico a ameaçar neve mas quando chegamos ao prado o sol abriu tornando ainda mais apetecível o caminho. Seguimos a direito aquela extensão do único quilometro plano do passeio.
O prado, a meio fez-se um lodaçal e de um momento para o outro ficamos enterrados em lama gelada até às canelas.
Voltar para trás ou avançar.
Quando mais andávamos na direcção do lago, mais fundo o lamaçal ia ficando. Com lama gelado pelos joelhos sugeriste, suavemente e emocionada, que se calhar era melhor voltarmos para trás que a lama, a agua e o gelo nas pernas e pés te eram desconfortáveis.... Também disseste qualquer coisa como não tínhamos condições de lavar roupa e estávamos ja cheios de lama....
Como não sou de conflitos, acedi e retiramos.
Molhados e com fome, caminhamos até ao supé do monte atrás do qual tínhamos deixado o carro.
Subimos outra vez.
La em cima, sentamos-nos virados para aquela mancha clara no cinzento do céu que devia ser o sol.
Tirei o farnel da mochila e dispus a mesa em cima de uma pedra. Atrás de nós uma murada construída não sei por quem nem para que efeito, protegia do vento.
comemos tâmaras, amêndoas, passas de figos, triangulos de queijo e chouriço que cortei com a navalha. Bebemos chá bem quente que tirei de um termo agasalhado dentro de várias meias de lã (ainda estão para inventar melhor forma de proteger os termos!!).
Depois de limpar a navalha, fui fazer xixi e tirei-te a fotografia.
Apesar das botas não deixarem entrar água, as calças entre os joelhos e os tornozelos estavam ensopadas... e agora que tínhamos parado fazia realmente frio...
Quando voltei a sentar-me ao teu lado, entre o zangada e o cansada, num tom que não admitia mais conversa, disseste:
-- Helder, já chega de Mãe Natureza, está bem?!?!?
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